Este blog tem como objetivo informar e alertar as pessoas
acerca de um tema ainda pouco discutido, mas muito perigoso, que é o efeito
colateral conhecido como Reação Extrapiramidal, associado a medicamentos como a
Bromoprida (Digesan) e a Metoclopramida (Plasil), entre outros.
Em poucas palavras, a Reação Extrapiramidal, faz com que a
pessoa se sinta profundamente deprimida, inquieta (acatisia) e com uma sensação de morte
iminente, efeitos que duram em média 12 horas, mas que podem ser mais breves ou mais longos. Tudo parece impossível e insuportável: trabalhar, sair, viver.
Resumindo ainda mais: para algumas pessoas, estes remédios são verdadeiros
indutores de suicídio.
Tanto o Digesan quanto o Plasil são medicamentos
frequentemente prescritos, inclusive para crianças, idosos e gestantes. Consta na literatura médica que a incidência da reação adversa a estes medicamentos é de 20% nas crianças e 0,2% nos adultos. Não é pouco. No entanto, a bula apresenta o efeito colateral
inesperado como algo diminuto. Não é. Ainda assim, são poucos os médicos que
reconhecem estes efeitos com a gravidade que lhes cabe. Nos prontos-socorros, sendo
administrado soro com Plasil, é comum que as pessoas comecem a sentir os
efeitos da Reação Extrapiramidal, e muitas vezes, nada é feito.
Quem já passou pela aflição da Reação Extrapiramidal não
esquece. Posso afirmá-lo com conhecimento de causa. Tomei Plasil desde criança
e me lembro de sentir os efeitos do remédio, mas demorei anos até relacionar o
inacreditável mal estar a um remédio tão inocente. Hoje sei que meu organismo
não tolera estes medicamentos.
Para mim, é extremamente difícil descrever os sintomas da Reação Extrapiramidal. Consegui me acalmar e juntar os pedaços espalhados
quando encontrei, na Internet, relatos muito semelhantes ao que senti. Vou me
valer, aqui, de um deles:
(...) o que importa, para mim, é a sensação abismal de estar fora do
mundo que me acometeu nas três ocasiões em que a tomei.
Na primeira, houve uma depressão indizível; já era de noite.
Lembro que me enrolei na cama e me forcei a dormir, esperando que o dia
trouxesse o bem-estar de volta. Nunca havia experimentado nada parecido, porque
não me recordo, antes disso, de ter tido o seguinte pensamento que me ocorreu
naquela noite: como, em algum dia da minha vida, eu pude me sentir bem? Como
pude viver meu dia-a-dia, levantar, comer, sair para trabalhar?
A partir de então, eu nunca mais poderia deixar de refletir nesse
estado de alma, que havia conseguido até mesmo apagar, ainda que por algumas
horas, toda memória emocional de normalidade.
A segunda vez foi a pior. Administraram-me bromoprida por meio de
intravenosa, no soro, depois de uma intoxicação alimentar. Alguém viria me
buscar dentro em pouco. Findo o soro, eu saí da maca e tentei me sentar no
banco de espera, mas qualquer posição ali me era insuportável. Era como se
houvesse uma inadequação entre mim e meu corpo, entre mim e qualquer objeto que
eu tentasse reconhecer e tocar. Era como se tudo à minha volta gritasse
silenciosamente que eu não estava ali. Fui então tomada de um pânico quieto.
Imaginei que minha saúde não andava boa, imaginei o que aconteceria se me
acometesse algo mais sério e eu tivesse que depender de hospitais, de visitas. (...)
Novamente no hospital, administraram-me a bromoprida e poucos
minutos depois eu já me sentia invadida de uma agitação intolerável. Implorei
para o médico me deixar sair (ele riu!), menti que não estava mais tonta, ele
me deu o atestado, voei pela porta e peguei um táxi.
No carro, achei que o dia lindíssimo me consolaria, mas não me
consolou. Percebi que me sentia miserável, um pobre-diabo, separada para sempre
do mundo dos mortais. Os objetos que eu tocava e via – a maçaneta da porta, os
prédios, a praia, as montanhas – perdiam a densidade e o valor que o cotidiano
lhes atribuía, transformando-se em um opaco cenário de pesadelo. Indaguei como
tudo ao meu redor parecia vivo, mas eu não conseguia participar dessa vida. A
vida, como vêem, passou a ser 'essa vida', um dêitico indicando que, ao apontar
para ela, identifico-a como algo fora de mim. (...)
Neste blog, pretendo recolher outros relatos (por favor,
deixem seu comentário), mas, acima de tudo, quero deixar um recado para quem
foi acometido pelos sintomas e está em busca de alguma resposta. Portanto, para finalizar, coloco aqui três breves comentários com o intuito de ajudar as pessoas:
1.
Isto não acontece somente com você e, não, você
não está louco;
2.
Os efeitos vão passar. Normalmente, em 12 horas,
já é possível se restabelecer e voltar a viver. Às vezes, pode durar um pouco mais;
3.
Caso seja acometido pelos efeitos, procure não
utilizar mais estes medicamentos.